terça-feira, 8 de maio de 2012

A escalada epidêmica da violência - suas origens e seus desdobramentos

O assunto violência circulou no face por meio do post da Letícia Araújo. Por esses dias o Rodrigo Portari também tocou no tema em seu blog. A minha tendência é sempre tentar olhar um determinado tema relacionando-o ao nível estrutural da sociedade. Não por desconsiderar a particularidade de cada comunidade, mas porque acredito que em qualquer situação é essencial olhar o todo e a parte - sempre  -  para a compreensão do fenômeno.

A violência sempre existiu e algumas sociedades são mais violentas que outras. Hoje é preciso considerar que ela é muito mais do que a agressão que vemos divulgada na mídia todos dias, mas também está presente quando seres livre são tratados como coisas, quando lhes é imposta a humilhação, a vergonha, a miséria, a exclusão, ela é múltipla e se refere ao constrangimento por meio de força física, intelectual, psicológica, e por que não dizer... monetária, sobre uma pessoa ou grupo obrigando-a a fazer algo contra sua vontade.

A percepção negativa de várias formas de violência mostra o desenvolvimento de uma sociedade e para acompanhar o progresso do espírito democrático é necessário que esta sociedade garanta a cada cidadão e cidadã o direito à liberdade e à felicidade. Assim, a segurança que todos desejamos virá quando seres humanos não forem tratados como objetos usados em interesse de outros, ou seja, depende muito mais das políticas públicas de educação, moradia, trabalho, distribuição de renda, lazer, do que do combate direto às ações violentas em forma de intervenções policiais. Aliás, isso é tampar o sol com a peneira.

E Curitiba, diga-se de passagem, vai na contra-mão do que espera em uma "capital social". Hoje recebi um e-mail da prefeitura propagandeando a proliferação do modelo carioca de UPP no bairro Parolin. É realmente uma pena que a cidade venha se tornando cada vez menos "capital social" e para ser reconhecida como "capital da violência". Isso é um saco sem fundo! Qualquer tanto de efetivo policial será pouco diante da falta de acesso às creches, à saúde, ao emprego, da desigualdade, da violência das administrações municipal e estadual contra as manifestações dos trabalhadores...

E apesar de a violência não ser um problema típico do setor saúde. Enquanto não houver um trabalho realmente efetivo para conter a escalada epidêmica da violência no país, temos que nos preparar para receber cada vez mais seus desdobramentos que adentram aos serviços de saúde em forma de lesões, traumas e mortes.

Em um outro momento posto alguma coisa mais específica sobre a minha pesquisa relacionada à violência contra a mulher.

Aos que quiserem ler um pouco mais sobre violência e saúde sugiro o livro Violência e Saúde da professora Maria Cecília de Souza Minayo http://www.estantevirtual.com.br/qau/maria-cecilia-de-souza-minayo

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